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Avaliação de um Programa de Prevenção da AIDS

Maria Cristina Antunes, Ron Stall, Norman Hearst, Vera Paiva, Camila A. Peres, Jay Paul, Mark Hudes
AIDS, vol11, sup 1, london, setembro de 1997

Resumo
Este artigo tem como objetivo a descrição de práticas sexuais de risco para a infecção pelo HIV entre estudantes de 1° e 2° graus, período noturno, de escolas públicas da cidade de São Paulo. Pretendemos, também, avaliar o impacto do modelo de prevenção utilizado, neste programa, sobre o comportamento sexual e sobre a freqüência do uso de condom.

Desenvolvemos um estudo longitudinal, envolvendo 4 escolas da região do centro da cidade, com características sócio-demográficas similares. As escolas foram randomizadas em grupo-intervenção e grupo-controle. Dos 394 estudantes que participaram do base line, 304 (77%) completaram o questionário pós-intervenção.

Foram desenvolvidas Oficinas de Sexo Mais Seguro ao longo de 4 encontros, de 3 horas cada um, onde os estudantes discutiram: o simbolismo da AIDS e o impacto da doença sobre suas vidas; a percepção do risco; a influência das normas de gênero e de grupo nos conhecimentos e atitudes; informações sobre AIDS; reprodução; corpo erótico, prazer sexual e negociação do uso do condom. A comunidade escolar foi abordada através de treinamentos para os professores, formação de uma equipe de jovens multiplicadores e eventos sobre a prevenção da AIDS.

Os dados do base line mostraram que 87% dos jovens pesquisados já tiveram alguma atividade sexual em suas vidas e 76% tiveram relações sexuais nos últimos 6 meses. A freqüência do uso de condom foi baixa, entre os jovens que mantiveram relação sexual vaginal e/ou anal. Ao avaliar as oficinas, encontramos efeitos estatisticamente significativos entre as mulheres, que relataram: o aumento da discussão com os parceiros sobre sexo e AIDS e menor quantidade de relações sexuais desprotegidas com parceiros não-monogâmicos.

Considerando os dados deste estudo, concluímos que o risco para a infecção pelo HIV, através da atividade sexual, pode ser diminuído quando as comunidades menos privilegiadas apoiam e se envolvem nos programas de prevenção. Resultados mais expressivos podem ser encontrados se enfatizarmos os obstáculos sócio-econômicos e dos papéis sexuais de gênero através de programas comunitários específicos de longa duração.

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