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Os lutos da aids

• Aid´s mournings

Tânia Regina Corrêa de Souza, Emi Shimma
JBA, São Paulo, vol. 5, nº 4, p. 145-188, julho/agosto 2004

Resumo
Ao longo de nossas vidas enfrentamos situações de perdas e lutos, vinculadas ou não à morte. Uma perda sempre traz perdas secundárias. Em casos de doenças como a aids, cercada de preconceitos, contagiosa e incurável (até o momento), as perdas podem ganhar grandes proporções, e comprometer a vida pessoal, afetiva, social e profissional de seu portador. Este trabalho tem por objetivo identificar as perdas e os lutos que surgem em decorrência da aids, e a forma que os sujeitos elaboraram a perda de sua saúde. Foram selecionados 12 sujeitos, 6 homens e 6 mulheres, entre 30-50 anos, usuários do CRT DST/aids-SP em tratamento anti-retroviral. Foi realizada uma entrevista (gravada), com base em um questionário com perguntas abertas, de janeiro a maio de 2002. Fatores como nível de renda, escolaridade e profissão foram levados em consideração na pesquisa e na interpretação dos dados. Os pacientes nos relataram eventos vinculados à infecção hiv/aids em que a sensação de perda e luto foi potencializada. Entre eles, o impacto do diagnóstico; comunicação da soropositividade a parceiros, amigos e familiares; dificuldades afetivas e sociais, decisão de iniciar o tratamento; perdas secundárias (trabalho, independência, sexualidade, imagem corporal, auto-estima), desenvolvimento de infecções oportunistas, variação de carga viral e CD4; internação hospitalar e agravamento do quadro geral. Foi possível avaliar, dentro dos limites da amostra, as experiências objetiva e subjetiva dos lutos experienciados, nos vários aspectos da vida do sujeito. Concluímos que a maneira como o indivíduo elabora seus vários lutos influencia, de forma positiva ou negativa, em sua qualidade de vida e, inclusive, de sobrevida.
Palavras-chave: Perdas, lutos, aids, qualidade de vida

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